quinta-feira, março 13, 2008

SE EU FOSSE MOSQUITO... / por Vanessa Seik (bióloga e ambientalista e colaboradora deste blog, a partir de hoje)

O crescimento de casos de dengue no país, em especial no estado do Rio de Janeiro, vem preocupando as autoridades sanitárias. Só no mês de fevereiro e até o meio de março já ocorreram mais casos do que em todo o ano passado.

Um dos aspectos que, este ano, mais vem preocupando, é a incidência de dengue em mulheres grávidas, incidência que já atinge um número alarmante. A doença acaba atingindo o feto e a criança nasce já com o virus instalado e pronto para fazer o seu tenebroso papel.
Dois bebês já morreram este mês, um no Rio e outro em Angra dos Reis.
E aqui é que as coisas se complicam. Não existe um plano credível na área de saúde pública em Angra para combater o aumento assustador dos casos de dengue no município. A prefeitura lançou uma campanha designada pomposamente de "força tarefa contra a dengue" que vem percorrendo o território municipal, vastíssimo, fiscalizando quem permite que isso se faça, adotando algumas medidas profiláticas, mas com resultados pífios, ao que se conclui diante do número de casos registrados e que dão entrada diariamente no pronto socorro municipal e nos postos de saúde. Isso, apesar da FuSAR, a toda poderosa fundação que comanda a política de saúde pública no município, mandar a secretaria do setor anunciar pela mídia que a situação da dengue no nosso territ[ório está absolutamente sob controle. Balela, mais uma de tantas de certos segmentos do governo municipal que, à revelia da boa vontade, competência e determinações do prefeito, executam um péssimo serviço à cidade. É mais ou menos assim como se Fernando Jordão perguntasse aos responsáveis pela vigilância sanitária e controle de vetores: "Vocês estão usando o fumacê?" Os ditos (ir)responsáveis balançam enérgicamente a cabeça e respondem: "Claro, prefeito.Ainda ontem (13 de março) passamos com o fumacê em todo o bairro da Banqueta!"
Todo o mundo sabe que este bairro, hoje totalmente abandonado pelo poder público, é uma das regiões mais sensíveis no caso da dengue, dadas as suas características especiais.
Realmente, o carro do fumacê passou por lá no dia 13 de março. Mas circulava tão rapidamente e soltava uma colunazinha de fumaça tão micha que quem viu não pôde evitar cair na gargalhada.
Ah! Se eu fosse mosquito, especialmente um aedes aegipt, com certeza iria me esbaldar e estrebuchar de tanto rir, diante do cômico e burlesco espetáculo da pic-up do fumacê.
Vamos ter um pouco mais de respeito pelo cidadão que paga os seus impostos, e não são poucos, e vergonha na cara. Se é para fazer, que se faça bem feito. Ou, então, não se faça e se diga honestamente: "Não temos gente competente para isso". O pessoal vai entender...
Como está acontecendo - e piorou muito de há uns três ou quatro meses para cá - é um escárnio, uma ofensa aos moradores desta bela cidade, onde, repita-se, se verificou um dos dois óbitos de bebês vítimas de dengue, no estado do Rio.

Nenhum comentário: