Antônio Reis
Tem coisas que eu não consigo entender, por mais que me esforce.
Como é que a Justiça pode dar, a alguém, licença para mentir numa investigação?
À memória me vêm cenas de uma antiga série de televisão, com James Manson, um brilhante advogado criminalista e investigador que, diante de um júri popular, soltava seu verbo poderoso, com argumentos contundentes, arrancando sentenças espetaculares, mesmo quando tudo parecia estar contra ele e seu cliente. E uma das cenas que mais me marcou era a das testemunhas apoiando a mão sobre uma Bíblia e repetindo o famoso juramento: “Juro dizer toda a verdade, só a verdade e nada mais do que a verdade”.
Será que isso não faz mais sentido nos dias de hoje ou eu estou ficando caquético?
Tudo isto vem a propósito de um episódio da CPI dos Cartões Corporativos, que está correndo no Senado, em Brasília.
É que, pelo que a mídia noticiou, o STJ concedeu a um dos convocados para depor na Comissão, José Abreu, uma liminar que lhe dá o direito de não responder com a verdade, sobre o que for inquirido.
Então, para que a CPI? Para quê os depoimentos? Para quê toda essa palhaçada? Para perder tempo e esbanjar o dinheiro público, que tanta falta faz na saúde, na educação, na segurança, etc.?
Bem disse o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, em entrevista a Ricardo Koscho, que essa CPI dos Cartões não iria dar
Mais uma vez, os cidadãos desta infeliz república, com um povo tão generoso e tão espezinhado, são tachados de otários, ou coisa pior.