terça-feira, fevereiro 26, 2008

A DELIBERADA INVERSÃO DOS VALORES

Assistimos, hoje, a uma total e deliberada inversão de valores. Isso acontece não apenas aqui, nem só no Brasil. No entanto, como cada um sabe onde lhe aperta o calo, vamos nos referir apenas ao nosso torrão.
Quando o homem, ser gregário, decidiu viver em comunidade, deparou-se com uma dificuldade inicial - entre outras, certamente: a total impossibilidade de serem tomadas decisões e executadas obras para o bem comum com todos os membros da comunidade querendo dar ordens. E, então, o homem decidiu criar um governo; isto é, um conjunto de membros escolhidos pela comunidade e que seriam seus representantes. Sua função básica era bem simples, embora extremamente complexa: deveriam estudar e executar obras voltadas para o bem da comunidade, em todos os setores da existência.
Como isso demandaria trabalho, gasto de tempo e exigência de habilidades e capacidades inerentes a cada sub-função, a comunidade concordou em quotizar-se, com cada membro pagando um determinado valor, de acordo com as suas possibilidades e entragar os valores assim obtidos para serem administrados pelo grupo escolhido, que deles prestaria contas e que usaria para remunerar os membros do dito governo e pagar as despesas da comunidade com a aquisição e produção de bens e serviços necessários a uma cada vez melhor, mais harmoniosa e organizada qualidade de vida de todos os membros da comunidade.
Uma análise elementar leva à conclusão que esse grupo escolhido e que recebeu o nome de governo era empregado, servidor, dos membros da comunidade e, por isso, a ela deveriam respeito e prestação total de contas. Implícito estava que jamais o grupo de escolhidos designado governo poderia fazer nada que a comunidade ou seus representantes não permitisse e, além disso, as normas, regulamentos, leis, etc. que fossem criadas para defesa e interesse da comunidade se aplicariam a todos por igual, incluindo, é óbvio, os membros desse grupo chamado governo.
Parece-nos que ninguém discorda do que acima está exposto, nem nós descobrimos a pólvora.
Então, por que raios os governos que nós temos insistem em infringir essas determinações básicas, esses princípios de acordo tácito estabelecido há milhares e milhares de anos entre as comunidades e os membros desse grupo chamado governo?
Afinal, se quem paga os honorários desse grupo - cada vez maior - são todos os membros da comunidade, por que é que eles persistem nessa atitude nojenta de ignorar seus patrões, decidindo por eles, quando e como querem, mesmo ao arrepio das normas, regulamentos e leis que eles mesmos criaram?
Não está na hora dos membros da comunidade começarem a pensar nisso seriamente e darem um basta categórico nos membros desses governos que infrigem as leis, especialmente as que ferem os direitos - quase todas elas - dos membros da comunidade?

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Lama e risos


O país inteiro está vivendo uma onda de expectativa absurda, irreal. Parece que foi criada, apenas, para servir de cortina de fumaça para algo mais tenebroso e surrealista.
Ligo a TV e escuto que a Justiça condenou severamente os denunciantes do padre católico Júlio Lancelote, acusado por membros da sua paróquia de ser um pedófilo. Me lembro de ter visto na TV Record - emissora do império IURD, do "bispo" Macedo - durante dias a fio e com requintes de sensacionalismo quase orgásmico, a notícia da desgraça em que caíra o padre Lancelote, apresentado como famigerado pedófilo que se aproveitava de inocentes "crianças" de 16 anos.
E agora, como fica, depois de quase seis dezenas de pastores e fiéis terem acionado judicialmente dois diários - talvez os dois mais importantes do país - e uma sua jornalista por difamação e calúnia, apenas porque ela levantou, para a reportagem que publicou, que a IURD fechou 2007 com um império financeiro de bilhões de reais. A calúnia teria sido porque a jornalista reproduziu uma opinião que aventava a hipótese dos milhões dos dízimos terem sido "esquentados" em algum lugar misterioso.
Claro que, de uma forma elegante e sem perturbações, a Justiça já suspendeu todos esses processos ao, brilhantemente, suspender alguns artigos da obsoleta Lei de Imprensa. Mesmo depois de, lamentavelmente, o nosso Iluminado Guia Maior (IGM) ter vindo a público defender a IURD, que não é seita religiosa, seus pastores e membros,1 que protocolaram ações de forma que não foi orquestrada; tudo uma terrível coincidência.
Em Angra dos Reis, cidade que tem vivido momentos de traumática onda de denúncias, algumas estapafúrdias, levando a operações policiais mirabolantes, com consequências ainda não avaliadas, infelizmente, envolvendo e metendo no mesmo saco, funcionários do Executivo municipal de vários escalões, empresas, todos os membros do Legislativo (não fizeram por menos!) e, de quebra, alguns servidores federais e estaduais.
Enquanto isso, o país vive na corda bamba da energia, como o nosso IGM mostrando uma fase paternalista para com nossos
hermanos e dizendo que "comigo não, violão". Milhões de brasileiros amargam uma vida sem qualidade, ao mesmo tempo que se alardeia aos quatro ventos que nunca antes o Brasil viveu tão bem! Ora, façam-me o favor! Respeitem a inteligência deste povo sofrido e digam-lhe, abertamente, ao que vieram, de quanto e quando será cobrada a fatura. Ou alguém duvida de que isso vai acontecer?
Em Angra dos Reis já está acontecendo.

sábado, fevereiro 23, 2008

Deve ser brincadeira...

Têm frequentado com alguma lamentável assiduidade os noticiários, especialmente tele visionados, os ataques de bandidos a cabines da Polícia Militar no estado do Rio de Janeiro.
No último fim de semana, enquanto acompanhávamos o noticiário da noite de uma emissora de TV, fomos surpreendidos com mais uma lamentável notícia sobre um dos ataques a que acima nos referimos.
Uma cabine da PM foi metralhada por dez homens que seguiam em dois carros, tendo um dos bandidos, inclusive, subido no teto solar do veículo para fazer os disparos. A cabine metralhada foi perfurada por várias balas e uma pergunta surgiu, imediatamente:
Se até carro de político - seja ou não governante - é geralmente blindado, por que raios as cabines da PM não o são? Será que o policial que ali se encontra, cumprindo o seu dever, tentando proteger a população, é menos importante do que um político? Ou sua vida vale menos?
Estão aí duas perguntas cujas respostas não só os policiais gostariam de ouvir dos responsáveis pela segurança pública.
Logo depois, como se estivéssemos assistindo a uma macabra opereta, escrita por um romancista sado-masoquista da idade média, fomos confrontados com uma recomendação dos superiores dos policiais em serviço nas cabines, revelada pelo repórter da TV e endossada, logo em seguida, por um dos policiais. A recomendação diz, simplesmente, que os policiais devem permanecer do lado de fora das cabines, para não serem atingidos dentro da mesma, quando os bandidos a perfurarem com suas balas!
Depois do espanto, entendemos, finalmente: os bandidos desejam matar as cabines e não os policiais. Assim sendo, eles estando do lado de fora das cabines estarão em segurança. Os bandidos os verão facilmente e, desse modo, não atingirão inadvertidamente qualquer policial no exercício do seu dever.
Só pode ser brincadeira, não é não?

terça-feira, fevereiro 19, 2008

O que está acontecendo com Angra dos Reis?

O que está acontecendo realmente com Angra dos Reis, neste final da primeira década de 2000, é muito estranho, muito confuso, surreal demais para não ser fruto de uma orquestração magistral, para cujo autor eu tiro o chapéu. É fantástica a condução das operações, a realização, aparentemente natural das mesmas, - pese embora o espetacular circense que as tem caracterizado.
Jamais Angra esteve exposta desta forma à fúria justiceira da PF, dos Ministérios Públicos, da mídia sensacionalista (às vezes não mal intencionada, apenas ingênua).
As acusações, denúncias, graves faltas supostamente cometidas (porque nunca provadas ou julgadas) sucedem-se. Hoje em órgãos públicos, até então insuspeitos, amanhã no Executivo, logo depois no Legislativo, com exposição pública à execração da sociedade, sem que tenham tido sequer oportunidade de defesa.
É lamentável que isso aconteça, lançando na lama e nos anais da patologia psicológica e irreversível, uma geração traumatizada, sem necessidade disso. Afinal, não vivemos em nenhum PREC (Processo Revolucionário em Curso), pelo menos, por enquanto, - e queira Deus que Hugo Chavez se esqueça do Brasil, nesse aspecto.
Hoje é muito simples, para qualquer cidadão, entrar com um processo de denúncia contra quem quer que seja; é fácil que a Justiça conceda a autorização de quebra de sigilo telefônico, onde qualquer conversa, por mais inocente que pareça, pode ter duas ou mais interpretações e pronto! Lá está toda aquela família, incluindo menores de idade e crianças de colo, sujeitas a intervenções policiais espetaculares e extremamente traumáticas, na residência do denunciado, sem qualquer prova, apenas sob os auspícios dos fatídicos indícios.
Quem vai cuidar dos traumas inevitáveis e já mostrados publicamente, desses adultos e dessas crianças? Os orquestradores, os armadores dessas tramas diabólicas? Claro que não! O Estado, aí legalmente ausente? Certamente que também não, porque nos casos em que se pode dizer que estava presente, nada fez; Então, de quem será o ônus da culpa.
É isso que é preciso descobrir para se tentar pôr cobro, de uma vez, a essa fúria criminosa dos delatores sem escrúpulos, passivamente aceitas por uma PF e um MP, anedóticos por omissão das mais elementares regras da lógica: será que fulano é mesmo culpado? Vamos tratá-lo como culpado ou como suspeito - há diferenças, ao que rezam os estatutos judiciais.
Até mais. Por hoje já estou sufiucientemente enojado.
É verdade, ia me esquecendo: meu nome é Antônio Reis e costumo assumir a responsabilidade por aquilo que digo ou escrevo. Ao contrário de uns e de outros, que se escondem atrás de apelidos indecifráveis. Entendido, Baltazar?

sábado, fevereiro 16, 2008

Isso é crueldade

Pois é, amigos. Em certas coisas a gente não consegue acreditar se não passar por elas. Ou se não acontecerem com alguém em que nós depositamos total confiança. O que está acontecendo na Santa Casa de Angra dos Reis e de que darei notícia mais abaixo é tão absurdo, tão surreal que, sem dúvida, raia os limites do crime e da crueldade.
Na área de saúde existe um exame clínico que se chama clonoscopia. Ele consiste na introdução retal de uma sonda com uma espécie de micro câmera que fotografa detalhadamente todo o intestino, em busca de lesões ou outras anomalias.
Como se imagina, esse exame precisa ser feito com o intestino totalmente limpo. Para isso uma preparação especial começa dois dias antes do exame, consistindo basicamente em uma dieta líquida e ingestão de uma mistura de um líquido semelhante ao soro, onde é diluído o suco de várias laranjas e dois comprimidos amassados. As evacuações são constantes, líquidas e dolorosas, incomodando como se pode imaginar. No terceiro dia desta tortura, em jejum, é feito o exame de clonoscopia.
Em Angra dos Reis esse exame é executado pela Santa Casa, que o cobra do SUS como exame de alta complexidade.
Muito bem.
Uma amiga nossa precisou, infelizmente, passar por esse martírio. O exame foi solicitado em dezembro do ano passado e, finalmente, em 16 de fevereiro deste ano, dois meses mais tarde, ele seria executado.
E digo seria porque, lamentavelmente, não foi!
Desde o dia 14 de fevereiro essa nossa amiga se submeteu à angustiante preparação e, às 09:00 horas do dia 16, apresentou-se na Santa Casa, em jejum, com um acompanhante, como recomendado. Como ela, mais quatro pacientes se encontravam no mesmo setor, com marcações semelhantes, para o mesmo tipo de procedimento. Uma delas era uma senhora de 73 anos, hipertensa e revoltada. Todas foram amavelmente informadas de que não poderiam fazer o exame porque o centro cirúrgico, onde ele seria realizado, estava passando por obras, o que inviabilizava o procedimento.
Imagine-se a revolta daquelas pessoas, depois de um tormento semelhante na preparação para a clonoscopia, ao serem informadas, na hora do exame, que não o poderiam fazer!
É, ou não é, uma crueldade da Santa Casa?
O chefe da enfermagem, que dava as informações, garantia que um outro funcionário, colega dele, havia informado a FuSAR (Fundação de Saúde), responsável pelos atendimentos de saúde no município.
Seguindo as instruções do chefe de enfermagem que a atendera, a nossa amiga dirigiu-se, no9 dia seguinte, à FuSAR, onde apresentou sua reclamação e solicitou a remarcação da clonoscopia. A funcionária que a atendeu explicou que não estavam sabendo de nada e que, se a Santa Casa tinha avisado o fizera em cima da hora, sem que houvesse tempo de avisar os pacientes.
Em quem acreditar? O que fazer diante de uma crueldade desse tamanho? Parece que só as vias judiciais, o que nossa amiga já está fazendo. Até porque os danos foram arrasadores!