sábado, fevereiro 16, 2008

Isso é crueldade

Pois é, amigos. Em certas coisas a gente não consegue acreditar se não passar por elas. Ou se não acontecerem com alguém em que nós depositamos total confiança. O que está acontecendo na Santa Casa de Angra dos Reis e de que darei notícia mais abaixo é tão absurdo, tão surreal que, sem dúvida, raia os limites do crime e da crueldade.
Na área de saúde existe um exame clínico que se chama clonoscopia. Ele consiste na introdução retal de uma sonda com uma espécie de micro câmera que fotografa detalhadamente todo o intestino, em busca de lesões ou outras anomalias.
Como se imagina, esse exame precisa ser feito com o intestino totalmente limpo. Para isso uma preparação especial começa dois dias antes do exame, consistindo basicamente em uma dieta líquida e ingestão de uma mistura de um líquido semelhante ao soro, onde é diluído o suco de várias laranjas e dois comprimidos amassados. As evacuações são constantes, líquidas e dolorosas, incomodando como se pode imaginar. No terceiro dia desta tortura, em jejum, é feito o exame de clonoscopia.
Em Angra dos Reis esse exame é executado pela Santa Casa, que o cobra do SUS como exame de alta complexidade.
Muito bem.
Uma amiga nossa precisou, infelizmente, passar por esse martírio. O exame foi solicitado em dezembro do ano passado e, finalmente, em 16 de fevereiro deste ano, dois meses mais tarde, ele seria executado.
E digo seria porque, lamentavelmente, não foi!
Desde o dia 14 de fevereiro essa nossa amiga se submeteu à angustiante preparação e, às 09:00 horas do dia 16, apresentou-se na Santa Casa, em jejum, com um acompanhante, como recomendado. Como ela, mais quatro pacientes se encontravam no mesmo setor, com marcações semelhantes, para o mesmo tipo de procedimento. Uma delas era uma senhora de 73 anos, hipertensa e revoltada. Todas foram amavelmente informadas de que não poderiam fazer o exame porque o centro cirúrgico, onde ele seria realizado, estava passando por obras, o que inviabilizava o procedimento.
Imagine-se a revolta daquelas pessoas, depois de um tormento semelhante na preparação para a clonoscopia, ao serem informadas, na hora do exame, que não o poderiam fazer!
É, ou não é, uma crueldade da Santa Casa?
O chefe da enfermagem, que dava as informações, garantia que um outro funcionário, colega dele, havia informado a FuSAR (Fundação de Saúde), responsável pelos atendimentos de saúde no município.
Seguindo as instruções do chefe de enfermagem que a atendera, a nossa amiga dirigiu-se, no9 dia seguinte, à FuSAR, onde apresentou sua reclamação e solicitou a remarcação da clonoscopia. A funcionária que a atendeu explicou que não estavam sabendo de nada e que, se a Santa Casa tinha avisado o fizera em cima da hora, sem que houvesse tempo de avisar os pacientes.
Em quem acreditar? O que fazer diante de uma crueldade desse tamanho? Parece que só as vias judiciais, o que nossa amiga já está fazendo. Até porque os danos foram arrasadores!

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