quinta-feira, maio 22, 2008

LICENÇA PARA MENTIR

Antônio Reis

Tem coisas que eu não consigo entender, por mais que me esforce.

Como é que a Justiça pode dar, a alguém, licença para mentir numa investigação?

À memória me vêm cenas de uma antiga série de televisão, com James Manson, um brilhante advogado criminalista e investigador que, diante de um júri popular, soltava seu verbo poderoso, com argumentos contundentes, arrancando sentenças espetaculares, mesmo quando tudo parecia estar contra ele e seu cliente. E uma das cenas que mais me marcou era a das testemunhas apoiando a mão sobre uma Bíblia e repetindo o famoso juramento: “Juro dizer toda a verdade, só a verdade e nada mais do que a verdade”.

Será que isso não faz mais sentido nos dias de hoje ou eu estou ficando caquético?

Tudo isto vem a propósito de um episódio da CPI dos Cartões Corporativos, que está correndo no Senado, em Brasília.

É que, pelo que a mídia noticiou, o STJ concedeu a um dos convocados para depor na Comissão, José Abreu, uma liminar que lhe dá o direito de não responder com a verdade, sobre o que for inquirido.

Então, para que a CPI? Para quê os depoimentos? Para quê toda essa palhaçada? Para perder tempo e esbanjar o dinheiro público, que tanta falta faz na saúde, na educação, na segurança, etc.?

Bem disse o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, em entrevista a Ricardo Koscho, que essa CPI dos Cartões não iria dar em nada. E ele, com experiência de oito anos no Palácio do Planalto, sabe o que diz.

Mais uma vez, os cidadãos desta infeliz república, com um povo tão generoso e tão espezinhado, são tachados de otários, ou coisa pior.

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