terça-feira, março 18, 2008

POEIRA DA CORRUPÇÃO EM ANGRA DOS REIS

Por Antônio Reis - jornalista)
Muito se tem falado e escrito sobre operações anti-corrupção pelo país afora. Angra dos Reis não é exceção.
Começou com o caso das plataformas petrolíferas e o envolvimento da Angraporto e de um ex- deputado estadual nascido e criado em Angra.
Logo depois veio a operação Cartas Marcadas, que envolveu mais de trinta pessoas, de diversos escalões do governo, incluindo alguns secretários muito próximos do prefeito, empresários e funcionários de órgãos ambientalistas.
Em seguida e quase emendando nas Cartas Marcadas veio a operação que investiga todos os vereadores municipais. Cada um é acusado de um crime, mas todos eles envolvendo malversação de dinheiros públicos ou tráfico de influência, corrupção ou coisa parecida.
Parece praga, mas não é. Trata-se, simplesmente, da consequência de um sistema político e judiciário flexíveis e permissivos demais, que autorizam, graças a uma sensação de impunidade onipresente na vida brasileira - não apenas na vida pública ou política - desvios de conduta como os apontados pelas operações.
É claro que nem tudo o que se falou, na base dos indícios e das denúncias, algumas vezes vazias, corresponde à verdade. E aí é que está a grande questão: do meio de todo esse joio, como extrair algum trigo sadio?
As denúncias oficiais, da parte das autoridades, não deveriam ser feitas apenas depois de apurados todos os fatos, de reunidas todas as provas irrefutáveis, cabendo aos juizes apenas avaliar o tamanho do crime e estipular as penas cabíveis? Penso que sim. Mas não é dessa forma que as coisas parecem estar acontecendo, o que nos remete, mais uma vez, para a possível ação orquestrada com fins políticos eleitoreiros.
No entanto, esse é outro dilema: muito do que se afirmou publicamente corresponde à verdade dos fatos. Separar uns casos de outros deverá ser um trabalho premente, para que, por um lado, inocentes não estejam sendo cruxificados em nome de uma falsa moralidade da res publica e, por outro, os cidadãos, moradores de Angra, neste caso, não venham a ser feitos de idiotas, como tantas vezes tem acontecido.
A verdade é que dizem os mais antigos que o saudoso Chico Xavier, o eminente kardecista, se recusou a entrar em Angra porque, segundo ele, a aura que envolvia a cidade era negra, pesada demais. Seja isso real ou não, todos nós sabemos que algumas coisas não são apenas poeira de corrupção. São fatos. E seria bom que esses fatos começassem a aparecer, até para que sejam devidamente desmascaradas quaisquer armações ou orquestrações políticas que estejam por trás das denúncias.
Ainda há dias alguém perguntava: "O que virá a seguir? Escândalo de cartões corporativos em Angra? Felizmente aqui não existem esses cartões..."
Quem disse que não existem? São conhecidos casos de gente que paga boa parte de suas despesas e de suas amiguinhas (por estar na moda metê-las no meio do barulho) com cartões corporativos de associações, clubes, sindicatos e outras agremiações, cujos dinheiros deveriam servir, apenas, para ações a serviço daqueles que por elas são representados - muitas vezes são dinheiros vindos de cofres públicos, outras vezes do bolso dos associados ou parceiros.
Quem sabe alguém começa a espalhar toda essa bosta nos ventiladores da nossa outrora tão pacata e bucólica cidade...

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