quarta-feira, março 19, 2008

AINDA A POEIRA...

Por Antônio Reis (Jornalista)
Ontem escrevi aqui sobre a poeira de corrupção que vem assolando Angra dos Reis nos últimos meses, referindo, inclusive, a hipótese de alguém se lembrar de abrir a caixa de Pandora dos cartões corporativos angrenses - que muita gente pensa que não existem; mas que existem, existem!
Depois disso, um amigo que leu a matéria lembrou de outros escândalos não muito antigos e que ainda estão na memória de todo o mundo. Nós não tínhamos pensado neles. São tantas emoções... não é mesmo?
Pois esse leitor complacente foi buscar três exemplos (vejam só como são as coisas) que deram muito o que falar na época.
O primeiro foi o do escândalo do
Prosanear. Estão lembrados? Aquele projeto megalômano (mais de vinte milhões de reais, na época era dinheiro pra burro, para sumir pelo ralo assim, de uma hora para a outra!) que pretendia promover o saneamento básico do município de Angra dos Reis. Foi um projeto fantástico, tornou-se referência mundial, elogiado até pelo Banco Mundial, que, por sinal, financiou a obra. Mas o que é que estamos falando? Financiou que obra? O Prosanear, projeto inventado e lançado quando era prefeito o (hoje) nosso deputado federal Luís Sérgio (exatamente; o petista que, hoje, é relator da CPI dos Cartões Corporativos, em Brasília) serviu apenas para ligar nada a coisa nenhuma, frase que usei sobre o tema quando escrevia para um outro semanário angrense. E serviu, claro, para engordar algumas contas bancárias, pois as dezenas de milhões de reais sumiram e a obra evaporou no esquecimento conveniente do judiciário.
Depois, o leitor complacente lembrou do
caso das notinhas, envolvendo vereadores, alguns ainda hoje na governança, outros falecidos já, uns poucos alijados da casa legislativa por vontade do povo. Esse caso chegou a ser investigado, julgado e tudo o mais, mas nada aconteceu. Por que terá sido? Porque o rombo foi pequeno e não vale a pena estar mexendo e perdendo tempo em coisas tão insignificantes? Vá saber...
Por fim, o nosso leitor amigo recordou o caso de um famoso ocupante de primeiro escalão do governo municipal que foi indiciado por agiotagem, cárcere privado e
otras cositas más. Quanto a esse, a informação que tivemos é que o caso tinha sido arquivado e nada mais consta contra o referido ex-ocupante de cargo de primeiro escalão. E quem somos nós para dizermos o contrário? Apenas mais uma lembrança que se esfumaça como poeira na penumbra dos tempos e das conveniências entre parceiros.
"Você não fala de mim e eu não falo de você!" Simples assim. Afinal, como diz a propaganda, "o mundo é de quem faz". Quem nada fez, nada tem, nem sequer direito ao mundo em que, presumivelmente, vive.
Como rumor que lembra a tromba d'água segundos ou minutos antes dela bater em nosso quintal, ou o ribombar distante dos trovôes que jamais serão relâmpagos ou raios em nossas fazendas, quais feras furiosas contidas pelas grades invisíveis mas intransponíveis da parceria camarada da impunidade
Como, mil vezes melhor do eu, escreveria Raúl Pompéia, no dealbar da República:
"Os príncipes de encantos fogem encalistrados, debaixo de vaia. Cena de bastidores, só bastidores. E dos camarins na sombra, entre cheiros duvidosos e pragas de comparsas, vêm saindo uns homens pálidos, de mau humor, cansados da comédia.
"E por sob as portas e tapagens, vêm alagar a ribalta das águas sujas das lavagens em que se limparam os pataqueiros, antes de se caracterizar e onde deixaram as tintas de fingimento antes de ir para a cama.
"É a hora das águas sujas. Os a pedidos dos jornais tresandam a sabão servido". (Raúl Pompéia em Jornasl do Comércio, em 22 de junho de 1891).

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