sábado, março 22, 2008

DEUS DUVIDA...

Por Hernandez Quintanilha (Consultor de empresas e colaborador permanente deste Blog)

Eu não sei se é assim que as coisas acontecem em todos os municípios da União. Mas, pelo menos em Angra dos Reis, é deste jeito, meio esdrúxulo, meio absurdo, um tanto sádico, irresponsável e anti-ético ao extremo.
Angra possui uma das maiores redes inauguradas de ESF's, sucessoras dos PSF's (Programas de Saúde da Família). E quando dizemos uma das maiores redes inauguradas queremos dizer isso mesmo; os postos foram inaugurados, com pompa e circunstância, o que não significa que estejam funcionando - ou, pelo menos, que funcionem direito.
Todo o mundo minimamente interessado e informado sabe que os PSF's, ou ESF's, existem para levar a saúde, a prevenção e a atenção do Estado (no caso em questão, do município) até os domicílios do cidadão. Nada mais justo, uma vez que o serviço é pago com o dinheiro desses mesmos cidadãos, via impostos, taxas e tributos.
Ocorre que, agora, os médicos de família, psicólogos, fisioterapeutas, etc., raramente se deslocam até a casa dos pacientes, Eles é que têm que dirigir-se ao posto, como em qualquer outra unidade comum de saúde.
Quem ainda visita a comunidade nos seus lares são os agentes comunitários de saúde. Eles são o elo que estabelece a ligação entre o posto e o cidadão. Até aí, as coisas não estariam tão mal, se não fosse o fato do agente de saúde ter que pagar do seu próprio bolso, na maior parte das vezes, as despesas com transporte ou quaisquer outras que se tornem necessárias para o exercício da sua meritória função. Ou, então, visitarem os cidadãos da sua comunidade nos seus lares a pé ou de bicicleta (sua), não importa o tempo que faça ou a distância a percorrer.
É verdade! O absurdo, o execrável procedimento acontece dessa forma. Até para frequentar um curso ou um seminário que profissionalmente interesse ao agente de saúde e para onde ele, muitas vezes, é mandado pela direção do próprio posto, seguindo instruções da FuSAR - Fundação Municipal de Saúde de Angra dos Reis - uma espécie de toda-poderosa autarquia que comanda a saúde pública - e não apenas a parte administrativa, como quer fazer crer o governo municipal - o pobre do agente comunitário de saúde tem que pagar as despesas, incluindo transporte de ônibus, do seu próprio bolso.
Honestamente! Se existe tanta gente que, sem necessidade, usufrui do direito de um passe ilimitado de transporte público no município, por que os agentes de saúde não possuem?
Afinal, em meio a tanta escumalha que pulula pelos corredores do governo municipal, sem nada de útil produzir, os agentes de saúde desempenham um serviço digno dos maiores elogios e aplausos. Por que tratá-los assim?
E não adianta dizer que a FuSAR fornece passagens aos agentes, porque isso é mentira - ou quase. Para cada posto de saúde ESF, a Fundação fornece, mensalmente, o equivalente a dez passagens, para todos os funcionários. Não é uma vergonha?
Prefeito Fernando Jordão, a população do município, na sua esmagadora maioria - haja vista o resultado das últimas eleições, que levaram a sua incontestável reeleição - nutre pelo senhor um respeito profundo e sincero. Claro que existem os detratores, os cínicos, os que não concordam com a sua forma de governar - afinal, vivemos numa democracia.
Mas essa esmagadora maioria, creio que entre 70 e 80%, não gosta nada, mesmo nada, de certas coisas que ainda acontecem neste município, com certeza nas suas costas e à sua revelia. Por isso acreditamos estar lhe prestando um serviço com esta acabrunhante denúncia. Não está certo, não corresponde ao seu temperamento nem àquilo que o senhor fala e em que nós queremos acreditar, de cada vez que inaugura mais uma obra.
Vamos corrigir isso, prefeito? E se a culpa é da FuSAR, que se detone a FuSAR! O cidadão merece mais respeito, principalmente quando faz um serviço digno e abnegado.
Estamos entendidos? Ficaremos prestando atenção.

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