quinta-feira, janeiro 08, 2009

MAIS UMA GERAÇÃO DE ANALFABETOS

Vanessa Seik
Bióloga e ambientalista
Colunista de A PAlavra, de Angra dos Reis
Edição83

Este ano escolar que agora acabou, vai certamente criar mais uma geração de analfabetos funcionais.
Durante todo o ano, às vezes dia sim, dia não, outras dia sim e no outro também, as escolas da rede municipal não davam aula, ou davam apenas uma hora ou duas. Não foram muitos, especialmente no último semestre, os dias de horário pleno na maioria das escolas. Eram reuniões de professores, reuniões de pais e professores, preparação de aulas, cursos dos professores, consultas médicas dos professores, e por aí vai. Como deveres de casa, trabalhos de pesquisa em jornais ou na internet, tivesse ou não o aluno acesso a essas ferramentas. Corte e cole no caderno de casa e com isso se passavam os dias, as semanas, os meses.
O bom e velho ensino em que o professor transmitia, de forma dedicada e cara a cara com a criança, com amor e profissionalismo, os seus conhecimentos aos alunos, sentidos quase como filhos, parece ter sido banido dos métodos de formação escolar, na rede de Angra, pelo menos.
É lamentável que assim seja, até porque estamos falando da formação dos cidadãos do futuro
Mas compreende-se. É muito mais fácil manipular um analfabeto, mesmo funcional – o que sabe ler e escrever alguma coisa, mas não sabe interpretar o que leu ou escreveu – do que um cidadão com bom ou excelente nível de educação e formação escolar. E assim caminha alegremente a sociedade docente de Angra, salvo raras e honrosas exceções.
O que está se esperando para uma profunda reforma do ensino, construção e reforma de muitas mais escolas, bem equipadas, confortáveis e com excelente infra-estrutura, onde as crianças sintam prazer em permanecer, aplicação de novas grades curriculares, fiscalização de horas de ensino, (mas ensino mesmo!) especialmente agora, que o número de horas que podem ser dedicadas a atividades extra-curriculares foi substancialmente reduzido por força de lei.
Mais autonomia e mais responsabilização para os diretores das escolas talvez não fosse má idéia mas, sempre e infelizmente, sob apertada fiscalização.
É que um cidadão que teve um bom nível de formação escolar, uma boa educação fundamental, aprendeu também a pensar e a decidir melhor suas escolhas, o que certamente desalojaria dos centros de poder e enriquecimento muitos servidores públicos. E saberia fiscalizar e exigir que sua representatividade fosse exercida com mais competência e respeito.
Por isso se entende perfeitamente que ninguém se preocupe em reformar, de forma competente e séria, a educação, seja a nível federal, estadual ou municipal.

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