terça-feira, setembro 23, 2008

GOLPE ABAIXO DA CINTURA

Antônio Reis

Editor do jornal A Palavra, de Angra dos Reis/RJ


Estamos na reta final da campanha eleitoral. Dois candidatos disputam a cadeira de prefeito e quase duzentos as de vereador. Até aí, tudo bem, tudo certo, tudo como deve ser feito em democracia. De um lado o candidato Tuca Jordão (PMDB), com seus aliados; do outro, Conceição Rahba (PT), com seus seguidores.

Cada candidato usa as armas que tem ao seu alcance e que definem sua postura, mostram (ou deveriam mostrar) suas intenções, se eleitos, o que pretendem fazer em benefício da população que os elegeu, que os escolheu como seus representantes para administrar o município. Para isso existem esses três meses de campanha – que, infelizmente, acabam se tornando um enfadonho replay, de quatro em quatro anos. A propaganda, que se pede leal e digna, deveria servir, justamente, para se apresentarem e discutirem idéias e projetos para melhorar a vida da população do município e, por que não, do estado e do país.

Mas será que, nessa propaganda, vale tudo para se conseguir acesso ao dinheiro que os filhos desta viúva indefesa tão dolorosamente desembolsam, sem apelo nem agravo?

Esta pergunta vem a propósito de um suposto “jornal”, colocado em circulação perto do final da campanha e que atendeu pelo pomposo nome de JP Jornal do Povo. Quem colocou esse “jornal” na rua fez de tudo para que se parecesse com um jornal de verdade. Só não tem referência a Expediente, indicando quem são os responsáveis por ele, quem o escreveu, quais são seus objetivos e sua linha editorial. É, simplesmente, anônimo e, por isso, covarde, tratando apenas de um tema: a espalhafatosa e circense operação Cartas Marcadas, que, em boa hora, a Justiça arquivou, por ilegal e não provar nada fatualmente sustentável. Da primeira à última linha das suas oito páginas, sem identificação, repita-se, reproduz matérias de jornais de âmbito regional (local) e nacional, que, certamente, não sabem que seus textos e fotos estão sendo plagiados dessa forma.

Como o suposto escândalo atingiria em cheio o atual governo municipal e alguns de seus integrantes, que hoje apóiam, às claras, o candidato do PMDB, não é difícil presumir que o referido “jornal” seja obra da oposição; isto é, do PT e seus aliados. É claro que até isso apenas se pode presumir, porque o “criativo” e pouco corajoso autor não se identifica.

Mas que se trata de um golpe abaixo da cintura, não restam dúvidas. É uma lástima que, em democracia, ainda exista quem confunda liberdade de expressão com irresponsabilidade, libertinagem e covardia...

Não se trata aqui de defender este ou aquele candidato. Apenas de lamentar a falta de ética e falta de respeito pelo povo e eleitor.

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