segunda-feira, abril 14, 2008

"CHEGA DE CANALHICES EM MEU NOME!"

Herdandez Quintanilha

(Consultor de empresas e colaborador deste blog)

Na última edição do jornal A Palavra, de Angra dos Reis, a editoria deu o mote. E eu acredito que isso tenha sido um convite para que nós, colaboradores, colunistas destas páginas, e deste blog, voltássemos a botar o dedo em certas feridas que ainda sangram nesta bela cidade e município. Vamos ver se conseguiremos alguma coisa de útil.

Estamos em ano de eleições municipais, a população de todo o Brasil vai escolher seus representantes no Legislativo e na liderança do Executivo de cada município. Os eleitores vão exercer seu direito e dever, a nível municipal. Isto é, todos os cidadãos, em cada área territorial municipal, vão eleger vereadores, prefeito e vice prefeito. É uma tarefa aparentemente simples, mas, na realidade, complexa e, para desgraça nossa, normalmente mal executada.

Não por vontade desse povo sofrido, mal tratado e mal pago, mas por sua esperança de que, fazendo o que querem aqueles que ele acha (porque disso o convencem) que são os predestinados, sua vida vai melhorar, sua família vai viver melhor, sua qualidade de vida e a dos que o cercam vai ficar menos sofrível. Na esmagadora maioria das vezes é um ledo engano. Tudo vai continuar na mesma, ou pior, com nuances aqui e ali, mas nada que traga mudanças significativas. Na maior parte dos casos porque os protagonistas serão os mesmos. Serão eleitos os mesmos que governaram no mandato anterior – e quando a lei não o permite, serão seus indicados – ou os novos eleitos, que já chegarão eivados dos mesmos erros, das mesmas ambições, das mesmas canalhices, todos certos da mesma leniência e cumplicidade do poder maior estabelecido, que jamais pune quem deve, com o rigor que promete e de quem se esperaria que exercesse, realmente, a nossa proteção, mas que, no final, acaba, de uma forma ou de outra, passando a mão pela cabeça do mau elemento, na certeza de que o povão, aquele mesmo povão que o sustenta com o suor e lágrimas de seu rosto e coração, vai esquecer e relevar. Não tem outro jeito. Fazer o quê, não é mesmo? Eles é que mandam!

Dane-se essa forma de pensar! Dane-se esse comodismo, essa insistência na ignorância e na suave e leveza condição do direito de ser otário! Reage, meu povo! Desfere um murro bem sonoro na mesa e fala, alto e bom som, para que todo o mundo escute: “Chega de canalhice, de cretinagem, de filho-da-putice às minhas custas! Vamos trabalhar, vagabundos!”

Talvez, quem sabe, eles escutem, em algum rincão deste imenso Brasil?

E por que não aqui, neste mosaico maravilhoso e cinematográfico, deslumbrante e espezinhado pedaço da chamada Costa Verde, sudeste do país, chamado município de Angra dos Reis, cantado e decantado em versos de amados autores e anônimos admiradores?

Angra é um dos muitos lugares deste Brasil que não merecem a sina que, infelizmente, o destino reservou para ele.

Angra é linda. Todo o mundo, todo o mundo mesmo, sabe. Sua gente é linda, cordial, hospitaleira, honesta na sua maioria, trabalhadora, sofrida e merecedora de boa sorte. E, aqui, boa sorte significa bons governantes. Um bom prefeito, uma boa equipe Executiva, uma boa turma de vereadores, uma aplicação justa e competente dos milhões de reais que hoje representam o seu orçamento municipal. É muita grana, gente! Por isso, quando alguém vier pedir seu voto, você deve começar perguntando: “De quanto é o orçamento do município? E o que é que você propõe que se faça com ele?”

A partir daí, você começa a comparar, a analisar e a recordar.

Depois você escolhe um caso antigo, de gente conhecida de todos (são tantos que não vai ser difícil; mas a gente vai ajudar), que roubou e roubou e não pagou, do seu, do meu, do nosso dinheirinho suado. E pergunta: “E esse caso aí? Como é que fica? Você vai me prometer que vai ser feita justiça? Mas como, quando e por quem? Por você, por acaso? E como você pode me garantir que Angra vai, finalmente, se beneficiar com os milhões (muitos!) do Prosanear, por exemplo? Foi no governo do então prefeito Luís Sérgio, hoje deputado federal, líder do PT na Câmara dos Deputados, em Brasília e atual relator da CPI dos Cartões Corporativos. Era um Programa de Saneamento, igual a esse que o governador Sérgio Cabral veio anunciar, há poucos dias, em Angra, com pompa e circunstância, lembra? Quando eu vou saber quem foram os ladrões dos recursos desse projeto, que eu sou obrigado a pagar até hoje? Olhe que tem quem conheça tudo e esteja disposto a, desta vez, dar com a língua nos dentes...”

Espere a resposta. E, depois, pense, medite, fale com a sua comunidade, use a Associação de Moradores – de preferência sem a diretoria, pois isso é um direito seu – do seu bairro e, com a alma lavada, comece a mudar a cara deste município e deste país, através das armas imediatas – mas não únicas – de que você dispõe.

Na próxima edição de A Palavra, de Angra dos Reis – se houver (!) – a gente continua.

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