quinta-feira, abril 17, 2008

ANGRA TRAÍDA!

Antônio Reis
Jornalista

A notícia caiu, como uma bomba de mega toneladas, sobre a pacata Angra dos Reis, no litoral sul fluminense, na paradisíaca Costa Verde: Bento Pousa Costa, o homem de confiança de Fernando Jordão nos seus dois mandatos, seu braço direito e braço esquerdo, como o carismático prefeito gostava de se referir a ele em público, virtual candidato à sua sucessão à frente de um projeto de governo e modernização do município que se anunciara para 20 anos, acabava de ser defenestrado de uma maneira repentina, incompreensível para a maioria da população angrense.
Anunciado, reverenciado, respeitado e reiterado como candidato único de Fernando durante os últimos anos, com especial ênfase nos meses mais recentes, não só pelo prefeito como pelo seu partido, o PMDB, homem que, na verdade, foi o responsável e autor da maioria das grandes realizações municipais dos últimos oito anos, sempre em nome de Fernando Jordão, Bento Costa vinha sofrendo de perseguições insidiosas dentro próprio partido e vindas de setores bem definidos da oposição e das lideranças estaduais pemedebistas que, a todo o custo, pretendiam e pretendem – agora parece que conseguiram – entregar o município, mais uma vez, nas mãos vorazes do PT e dos grupos corporativistas de Sérgio Cabral e Lula. O ex-secretário de Integração Governamental era a imagem do homem arrasado e injustiçado.
E, com a pertinácia que lhe é costumeira e a inteligência reconhecida que alardeia, com justo orgulho, o advogado e analista político Cláudio Carneiro, no seu blog Resistência, escrevia (não sei se já foi publicado, porque, infelizmente, muitas idéias brilhantes de Cláudio ficam esquecidas por semanas e meses até verem a luz do dia), que mais do que perder a sua posição de candidato virtualmente eleito, o que devia estar doendo a Bento era, em tudo, semelhante, ao que deve ter sentido Júlio César, quando foi barbaramente assassinado no senado romano. Não as dezessete punhaladas que sofreu no corpo, mas a última, desferida pelo querido discípulo Brutos Cassius. Daí a famosa e histórica frase, sinônimo de traição inaudita e inesperada: “Até tu, Brutos?!”
Pouco mais de uma semana antes, o PMDB, numa Convenção agitada, havia referendado o nome de Bento Pousa Costa como pré-candidato a prefeito nas eleições deste ano, com uma esmagadora vitória de 27 a 3 votos sobre o também carismático ex-deputado Aurélio Marques que, com o fair play que dele se esperava, saudou o companheiro indesmentivelmente vitorioso e, no dia seguinte, estava presente, do seu lado, em cerimônia no Clube Comercial, assinando a coligação de mais de quinze partidos que se dispunham a caminhar juntos com Bento, em Angra, sob a batuta do PMDB, rumo às majoritárias de 2008.
E, de repente, a bomba: Bento Pousa Costa foi afastado! A disputa será, agora, entre Conceição Rabha (PT) e ela mesma, tendo, ao que se comenta na cidade, um nome indicado por Fernando Jordão como vice.
Pelo número de partidos políticos, agremiações, eleitores comuns e gente do povo que ovacionou o pré-candidato, lotando o Clube Comercial e as redondezas, os discursos de todos os componentes da mesa diretora e as declarações formais de apóio e concordância, apenas um aroma fétido permanece no ar, pior do que, infelizmente, se exala na Praia da Chácara: traição e certificado (mais uma vez) de ingênuos otários, para todos os eleitores do município.
Certamente, ainda muito se falará sobre o assunto.

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